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Por Dra. Candace Mathers, N.D.
O envelhecimento é inevitável, mas será que isso significa que não podemos fazer nada para desacelerar esse processo? Será que existem maneiras de envelhecer sem vivenciar todos os efeitos corporais nocivos associados ao envelhecimento? Estudos sugerem que podem existir maneiras de desacelerar o processo de envelhecimento e promover a saúde até os anos mais avançados da vida.
O envelhecimento natural envolve o aumento da degeneração dos processos celulares regenerativos do corpo. A nível molecular, isso significa que as células e os tecidos perdem sua integridade e não conseguem mais se regenerar ou restaurar adequadamente. A perda de integridade celular leva a um prejuízo no funcionamento geral do corpo. Desde a pele e cabelos até as articulações e músculos, o processo de envelhecimento afeta o de modo geral.
Os sinais visíveis de envelhecimento incluem uma pele mais opaca e fina, rugas e cabelos brancos. Porém, também existem sinais de envelhecimento mais profundos no corpo. Esses sinais inclum perda de cartilagens nas articulações, menos massa muscular e perda de volume cerebral.
Mas o que causa o envelhecimento? Estudos sugerem que o envelhecimento é multifatorial. Alguns mecanismos que podem contribuir para o envelhecimento incluem estresse oxidativo, danos ao DNA (ácido desoxirribonucleico), danos às mitocôndrias e encurtamento dos telômeros. Apesar de o processo de envelhecimento ser inevitável, pesquisas sugerem que ele pode ser desacelerado ou atrasado aumentando o consumo de antioxidantes, mantendo a saúde mitocondrial e reduzindo a inflamação.
Pesquisas indicam que o estresse oxidativo tem um papel importante no processo de envelhecimento. O estresse oxidativo é uma perturbação do equilíbrio entre antioxidantes e radicais livres. Radicais livres são moléculas que contêm oxigênio e um par de elétrons desbalanceado. Elétrons são pequenas partículas com carga negativa, que gostam de ficar pareadas. Radicais livres contêm pares de elétrons desbalanceados, fazendo com que sejam extremamente instáveis. Essa instabilidade causa danos ao corpo, nas células, tecidos, proteínas e DNA.
Os radicais livres não são invasores externos, mas são criados durante processos metabólicos normais do corpo, contribuindo para o estresse oxidativo. O estresse oxidativo já foi relacionado a muitas doenças diferentes, como câncer, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doenças renais crônicas e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Embora tenha um papel no desenvolvimento de diversas doenças crônicas, pesquisas sugerem que o estresse oxidativo também pode aumentar a fraqueza e a sarcopenia relacionadas ao envelhecimento. A sarcopenia é a perda constante de massa e função muscular que costuma ocorrer à medida que a pessoa envelhece.
Estudos mostram que antioxidantes podem ajudar a reduzir o estresse oxidativo e então desacelerar o processo de envelhecimento. Antioxidantes são moléculas que podem prevenir ou diminuir os danos que o estresse oxidativo causa, ao doarem um elétron para os radicais livres. Essa doação de elétrons ajuda a estabilizar os radicais livres e prevenir danos às células e aos tecidos.
Os antioxidantes são vitaminas como a vitamina C e a vitamina E, além de nutrientes vegetais como a quercetina e a luteína. Estudos mostram que até mesmo hormônios como a melatonina podem ter propriedades antioxidantes que funcionam para desacelerar o envelhecimento.
Estudos sugerem que a vitamina C age como um poderoso antioxidante que reduz o estresse oxidativo, protege contra danos ao DNA e até promove a longevidade. Estudos com animais e in vitro (em tubos de ensaio) já demonstraram que a vitamina E pode ter um papel crucial na proteção das membranas celulares de danos de radicais livres devido ao envelhecimento.
Pesquisas também indicam que antioxidantes como a quercetina ajudam a proteger o DNA dos danos de radicais livres e podem até ajudar a repará-los. Também ja foi demonstrado que a quercetina aumenta a produção de glutationa no corpo. A glutationa está entre os antioxidantes mais poderosos produzidos pelo corpo. Infelizmente, a produção de glutationa diminui com o envelhecimento. Com a diminuição da produção de glutationa, o corpo sofre mais danos de radicais livres e estresse oxidativo.
Aumentar o consumo de antioxidantes pode ajudar a desacelerar o processo de envelhecimento. Os antioxidantes são amplamente encontrados na natureza, especialmente em alimentos como abacate, brócolis, cenoura, aspargo e repolho. Existem maneiras simples de aumentar o consumo de antioxidantes, como tomar um suplemento multivitamínico de alta qualidade e aumentar a quantidade de frutas e vegetais frescos na dieta.
As mitocôndrias são pequenas unidades funcionais presentes dentro das células. Essas organelas são responsáveis por gerar energia no corpo. Elas costumam ser descritas como usinas de energia das células. O funcionamento saudável das mitocôndrias está associado a estratégias antienvelhecimento.
Além disso, estudos relacionam a disfunção mitocondrial ao envelhecimento acelerado. A disfunção mitocondrial ocorre quando as mitocôndrias começam a gerar menos energia do que o necessário para o funcionamento adequado do corpo. A saúde mitocondrial ruim é associada ao aumento da inflamação. A disfunção mitocondrial também é relacionada ao aumento do estresse oxidativo e dos danos de radicais livres.
Pesquisas indicam que melhorar o funcionamento das mitocôndrias pode ajudar a desacelerar o processo de envelhecimento. Por exemplo, estudos já demonstraram que o envelhecimento está relacionado a níveis sanguíneos mais baixos de coenzima Q10 (comumente conhecida como coQ10 ou ubiquinol). É uma molécula amplamente distribuída no corpo e necessária para o funcionamento das mitocôndrias. Níveis mais baixos de coQ10 também já foram relacionados a diversos transtornos como doenças cardiovasculares, enxaquecas e esclerose múltipla. Uma condição de destaque associada a níveis mais baixos de coQ10 no sangue é a fadiga, um problema que costuma ser exacerbado com a idade.
Estudos sugerem que a coQ10 pode ajudar a desacelerar o processo de envelhecimento ao beneficiar o funcionamento das mitocôndrias. Por exemplo, um estudo mostrou que a suplementação como coQ10 em voluntários saudáveis ajudou a reduzir a fadiga após a atividade física. Uma metanálise envolvendo oito testes clínicos diferenciais mostrou que pessoas com doença cardíaca coronariana observaram redução no nível total de colesterol quando usaram um suplemento de coQ10. A doença cardíaca coronariana, bem como as doenças cardiovasculares em geral, são comumente associadas ao envelhecimento.
Apesar de a coQ10 ser uma molécula produzida pelo corpo que ajuda a reforçar a saúde mitocondrial, pesquisas mostram que a curcumina também pode ser benéfica para o funcionamento das mitocôndrias. A curcumina é a molécula amarelo-alaranjada no tempero cúrcuma. A curcumina pode ajudar a reforçar a saúde mitocondrial e desacelerar o processo de envelhecimento. Estudos com animais demonstraram que a suplementação com curcumina melhora o funcionamento das mitocôndrias no fígado. Estudos com humanos sugerem que a suplementação com curcumina e exercícios regulares podem ajudar a reduzir o estresse oxidativo e desacelerar o processo de envelhecimento.
Um teste clínico randomizado controlado demonstrou que a suplementação com curcumina por um mês ou mais ajudou a reduzir sinais de estresse oxidativo no sangue. Outro estudo envolvendo indivíduos saudáveis (homens idosos e mulheres após menopausa) demonstrou que a suplementação com curcumina por 12 semanas ajudou a reduzir sinais de estresse oxidativo nos vasos sanguíneos. Além da possibilidade de ajudar no funcionamento mitocondrial, estudos sugerem que esses antioxidantes preciosos também podem ajudar a reduzir a inflamação que aumenta com o envelhecimento.
A inflamação é um processo útil e necessário que ajuda o sistema imune a combater invasores estranhos. Na maioria dos casos, a intensidade da inflamação diminui quando a infecção é resolvida. Com o envelhecimento, a inflamação pode se tornar um problema de longo prazo, à medida que o corpo tem dificuldades de retornar a um equilíbrio após uma infecção.
Estudos sugerem que o envelhecimento contribui para uma inflamação crônica de baixo grau que acelera o processo de envelhecimento. Essa interação entre envelhecimento e inflamação age como um ciclo vicioso. Portanto, reduzir a inflamação pode ajudar a desacelerar o processo de envelhecimento. Pesquisas sugerem que ter um sono adequado é uma maneira de reduzir a inflamação. Estudos mostram que mensageiros celulares anti-inflamatórios (citocinas) são produzidos durante um sono adequado. O mesmos estudos mostraram que as citocinas anti-inflamatórias não foram produzidas em modelos animais de trabalho em turnos e jet-lag a longo prazo, nos quais os camundongos não tinham quantidades adequadas de sono.
A melatonina é o hormônio do sono produzido pelo corpo e pode ajudar a desacelerar o processo de envelhecimento. Estudos sugerem que, além do seu papel no ciclo de sono-vigília, a melatonina age como antioxidante, anti-inflamatório e agente protetor neurológico para as células cerebrais. Alguns estudos demonstraram associação entre doenças degenerativas neurológicas (como a doença de Alzheimer) e níveis baixos de melatonina no fluido cerebroespinhal e no sangue. Os níveis de melatonina diminuem com o envelhecimento, levando a menos sono e a uma regulação ruim do ciclo circadiano.
Estudos mostram que idosos reportam menos sono, bem como uma qualidade de sono pior. Um estudo demonstrou que adultos que reportavam menos sono mostraram maiores prejuízos em testes desenvolvidos para avaliar o desempenho cognitivo. Como o sono tem um papel na memória e cognição, a redução do sono pode afetar negativamente a saúde do cérebro em idosos.
Aumentar o consumo de melatonina, especialmente para idosos, pode ajudar a restaurar o ritmo circadiano e um sono saudável. A restauração de um sono saudável pode ajudar a melhorar a cognição e a reduzir os sinais de declínio cognitivo relacionado à idade.
Embora envelhecer seja inevitável, pesquisas indicam que existem maneiras de desacelerar o processo de envelhecimento. Já que estudos sugerem que o envelhecimento é atribuído a diversos fatores, podem existir diversas maneiras de combater esse processo. Isso inclui aumentar o consumo de antioxidantes, reforçar o funcionamento das mitocôndrias e reduzir a inflamação.
Uma rotina que prioriza o consumo de antioxidantes, reforço mitocondrial e redução da inflamação pode desacelerar o processo de envelhecimento e beneficiar a saúde de modo geral por muitos anos.
Referências:
